"Várias faces de um mesmo crime"
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Maria (nome fictício) está na casa há três meses e retrata bem as diferentes faces que pode assumir a violência doméstica. Abandonou um casamento de 14 anos, porque não aguentava mais. Falou mais alto o coração de mãe. Não sendo ela a vítima directa das agressões do marido, ainda hoje, deixa transparecer a amargura que sente uma mãe quando vê a filha a apanhar. “Ele não me batia a mim, mas à menina e é muito difícil para uma mãe assistir a isso”, explica.A primeira vez que assistiu às agressões, ficou dividida. “Pensei que nunca mais ia parar, mas, por outro lado, também queria acreditar que ele ia mudar”.
O álcool acaba, no entanto, por vencer e Maria não teve, então, mesmo outra solução. E, no dia em que o marido pega num fio de extensão e bate na filha, Maria diz basta.Há três meses longe de tudo, tem, hoje, a certeza de que fez realmente o que era melhor para si e, sobretudo, para os filhos: “É realmente muito difícil deixar tudo para trás, mas aconselho todas as mulheres que estejam a passar pelo mesmo e que amem os filhos a ganharem coragem e a fazerem tudo por eles, porque a única coisa que precisamos é ter saúde para lutarmos para lhes darmos o melhor”. Maria tem, agora, objectivos traçados e um prazo delineado: “Quero começar a tirar um curso, ou de Geriatria ou de auxiliar de educadora de infância, começar a trabalhar e ter a minha casa. E espero conseguir fazer tudo isto dentro de um ano”.
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