“Nada justifica a violência”
Numa altura em que o tema violência doméstica é mais abordado, manterem-se informadas é a palavra chave. “A opção e o admitir ou não a violência é sempre de cada mulher. Até onde elas aguentam é subjectivo e nós não somos ninguém para julgar. Têm é de estar informadas”, salienta Patrícia Faro. Acabar com mitos que acabam por “jogar” a favor do agressor, como o de se as mulheres saírem de casa e levarem os filhos perdem a guarda dos mesmos, é - admitem - fulcral nesta luta contra a violência doméstica.
Sair de casa e deixar tudo para trás não é uma decisão fácil, mas recomeçar também não o é menos. E há - frisam - que ter essa mensagem bem presente. “Muitas vezes as mulheres vêm com determinadas expectativas relativamente às instituições e depois há processos de revi- timização nas próprias instituições, porque acham que vai ser tudo muito fácil e não é”, alertam.Que “nada justifica a violência” é, contudo, das principais mensagens a passar.
Mesmo com todos os constrangimentos, “há alternativas”. Basta procurar e dar “o primeiro passo”. Daí que seja este, aliás, o nome já escolhido para o futuro projecto da delegação de Matosinhos da Cruz Vermelha - a criação de um Centro de Atendimento a Mulheres Vítimas de Violência Doméstica, que ajude a apostar na prevenção. “Porque temos de ter bem presente que a violência doméstica também se pode reproduzir. Um rapaz que assiste a uma relação de violência, por se identificar com o pai, pode vir, no futuro, a ser um agressor e uma rapariga pode vir a ser uma potencial vítima. Há que inverter este ciclo”, salientam. Pequeno, o filho da Manuela ainda não entende o que a mãe já passou. Mas esta tem já na cabeça uma série de “grandes conversas” a ter com ele, quando crescer. “Para que ele perceba que a violência só estraga as pessoas e que nada a justifica”, explica determinada. Enfrentar um novo relacionamento é algo que ainda não lhe passa pela cabeça. As marcas da agressão física já desapareceram. Mas as da humilhação, das agressões verbais, essas, ainda que não visíveis, continuam lá. “Não quero tão cedo um novo relacionamento. Agora tenho o meu filho e é só a ele que me quero dedicar”, garante.
Na Casa Abrigo para Mulheres Vítimas de Violência Doméstica, Manuela encontrou, finalmente, a “paz”. Longe de tudo e de todos, espera-se, agora, que tanto ela, como todas as outras, tal como nos filmes... encontrem, finalmente, o seu “final feliz”...
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