O roubo de carros na estrada com ameaça de armas de fogo, o "carjacking", nasceu nos Estados Unidos – e, há cerca de dez anos, a moda começou a pegar em Portugal. Em 2004, a Polícia Judiciária registou na Grande Lisboa 178 crimes deste género.
O "carjacking" não é um simples roubo de um carro. O crime pressupõe que o assaltante permaneça na posse do automóvel durante algum tempo. Assim, as estatísticas da PJ referentes a este crime afastam logo todos os casos em que os carros são usados, apenas, para obrigar a vítima a fazer um levantamento de uma caixa de multibanco, por exemplo. Nas estatísticas entram todos os casos de roubos violentos de carros, em que o assaltante usa o automóvel para proveito próprio. Nos casos mais comuns, os assaltantes aproveitam o momento em que os condutores estão parados nos semáforos – ou, então, no momento em que estacionam ou manobram os carros. Os crimes são sempre cometidos por dois ou três assaltantes que utilizam um carro de apoio para fugirem “caso os planos corram mal”.
“Normalmente, estes assaltantes juntam-se em grupos regeneráveis para fazer as chamadas razias. Vão buscar armas, que guardam longe das suas habitações, roubam um carro, depois um posto de combustível, depois outro carro. Tudo numa noite”, disse. O motivo é só um: a adrenalina, “o sentimento de posse”.
“Num local isolado, aponta a arma ao proprietário e obriga-o a abandonar a viatura”, diz. Depois é só mudar a matrícula e esperar pela próxima inspecção – o único local onde se confirma se a matrícula pertence ou não ao automóvel.
JOVENS EXTREMAMENTE VIOLENTOS
O crime de "carjacking" é normalmente praticado com extrema violência e os assaltantes correspondem a um perfil traçado pelas autoridades. São jovens, actuam em grupos pequenos, utilizam armas de fogo, procuram mulheres e evitam carros com mudanças automáticas. Têm habitualmente entre os 20 e os 25 anos, não são toxicodependentes e partilham a cultura suburbana dos bairros problemáticos onde vivem, nas grandes cidades. Violentos por natureza, não têm problemas em abrir fogo contra a vítima, se esta ousar resistir.Normalmente, actuam em grupos de dois ou três elementos, facilmente substituídos por novos recrutas sempre que alguns são detidos. Numa noite, chegam a atacar vários condutores – e, para tal, fazem-se acompanhar de pistolas de calibre 6,35 mm, ou caçadeiras de canos serrados. Procuram carros com um único ocupante, de preferência mulheres ou idosos, e preferem veículos com mudanças manuais – aquelas a que estão mais habituados.