domingo, 9 de dezembro de 2007

Confissões de uma vítima de violência doméstica

Sou um corpo que deambula ao acaso,
Que vive com medo todo o dia.
Amostra de ser mal amado
Sem conhecer felicidade e alegria.


Uma mulher constantemente criticada
Que chora apenas escondida,

Consciente que não vale nada,
E a imagem totalmente denegrida.

Escondo os hematomas como sei.
Habituei-me há muito a mentir...
Vivo uma vida como nunca pensei,
Com a maior parte do tempo a fingir.

Esta mão, assim queimada, e a doer,
É porque sou tão distraída...
Meti-a numa panela a ferver
E fiquei tão arrependida.

Tapo as nódoas negras com roupa
De Inverno, mesmo no Verão.
Apenas porque sou meia louca
Passo a vida a cair ao chão.

A boca, assim cortada,
Foi apenas porque sorri...
Não sei estar calada...
Apanhei porque mereci.

Quando parti o braço direito,
Foi porque maquilhei-me nesse dia.
Mas afinal, foi bem feito,
Porque parecia uma vadia.

O meu corpo está tão cansado
Não aprendo a comportar-me
Para viver bem com o meu amado,
Que tudo faz por me amar.

Farta dos meus erros e maldade
Subo até ao vigésimo andar!
Salto, enfim, para a liberdade,
E já sou feliz... a voar!

1 comentário:

Anónimo disse...

Sou uma aluna da universidade do Algarve, e fiquei completamente emocionada depois de ler este "excerto".
Depois de ler este site, achei que devia dar os PARABÉNS a que o elaborou. É bom saber que existem jovens que se preocupam com um dos problemas que temos no nosso país, e mundo, pois infelizmente, não é só no nosso país que existe este tipo de violência.